Para os leigos,Umbanda e Candomblé significam a mesma coisa.verdadeiramente, são duas religiões distintas, ligada apenas pelas roupas, pelos atabaques e pelo uso do transe mediúnico.
O Candomblé é uma religião africana que existe desde os tempos mais remotos daquele continente e foi trazida para o Brasil através do fluxo da escravatura. Escravos de diversas tribos e nações Africanas continuaram a cultuar no Brasil os Orixás negros, suas divindades, e estiveram na origem da criação das chamadas “Casas de Santo” (Ilê), onde continuaram com os seus rituais e preceitos Africanos. As diversas origens das tribos, e as diversas regiões do Brasil onde se implantaram, deram origem às diversas Nações do Candomblé, onde o Ketu é tido como o mais tradicional.
A Umbanda, a única religião criada no Brasil, foi fundada em 1917 na cidade de Niterói e reúne na sua filosofia, conhecimentos do Catolicismo, do Kardecismo, do Budismo, do Islamismo e do Candomblé, de onde tirou a forma de vestir dos médiuns (roupas de baianas), o uso dos atabaques (instrumentos de percussão) e a nomenclatura de sete dos Orixás (Oxalá, Iyemonjá, Oxun, Xangô, Oxósse, Exú e Nanã) – adoptando também para estes Orixás cores diferentes das utilizadas no Candomblé. A Umbanda portanto advém do sincretismo católico-feitichista, necessário numa época de grande repressão das religiões africanas no Brasil, em que era proibido o culto dos Orixás na sua forma de origem, e esta adaptação tornou-se necessária.
No Candomblé os cânticos são em línguas africanas (Iorubá ou Banto), dependendo da nação de origem daquele grupo. Os cânticos da Umbanda são em português. No Candomblé o culto é voltado unicamente aos Orixás que são considerados deuses e não espíritos. Na Umbanda trabalham com espíritos como caboclos, pretos-velhos e ciganos, entre outros. No candomblé, só os Orixás podem provocar a possessão; a nenhum espírito que tenha tido vida na terra, é permitido este fenómeno. Na Umbanda é permitida a incorporação de qualquer tipo de entidade.
Um dos pontos em que também Candomblé e Umbanda têm pontos de vista diferentes é no que se refere ao culto de uma das divindades mais conhecidas popularmente, por tanto se recorrer a ela para a realização de todo o tipo de trabalhos: Exú.
De tal forma que suscitou o comentário que se segue por parte das Associações Brasileiras de Candomblé em congresso recente:
“É preciso que reconheçamos e respeitemos as diferenças regionais do Candomblé, mas devemos também separar as coisas. O Candomblé Ketu tradicional não cultua pombagira, que é uma entidade comum em alguns terreiros, muito provavelmente por influencia da Umbanda.
Convém desfazer a confusão entre Exús (entidades) e Exú (Orixá).
Os primeiros que muitas vezes possuem nomes que ressaltam características negativas e assustadoras, (…), são entidades que devem ser respeitadas, que tem o seu valor, mas que não pertencem, de facto, ao Candomblé, cabendo à Umbanda (ou a quem as cultua) explicar as suas origens e funções.”
( L. Candomblé A Panela do Segredo-84)
O conceito formado antecipadamente e sem fundamento razoável, sem reflexão, convencionalismo é sem sombra de dúvida uma supersticiosa ignorância,
A religiosidade de origem africana no Brasil, sofre até hoje o ranço da época do Brasil Império, onde havia uma religião oficial,real, e era proibido professar outra fé, senão a estabelecida pelo Império e autoridades da Igreja.
Conciderada impertinente aos olhos dos poderosos da época, houve uma grande impregnação do rótulo” demonizador” dessas religiões na mente do povo.
É preciso também conciderar o aspécto cultural, a grande contribuição que essas manifestações religiosas nos deram na formação da nossa identidade, da nossa cultura.
Del Guimarães
“Este texto trata-se das questões
relativas a invenção da
historiografia africana, voltada para os
interesses de um imperialismo
indiferente aos verdadeiros valores culturais, morais de um continente tão
importante na história da humanidade.”
ÁFRICA, UMA HISTÓRIA MAL CONTADA
É
recorrente nos resumos que apresentam a
idéia de uma história da civilização ocidental o equívoco no tratamento
do referencial que diz respeito ao continente africano e às suas gentes. Estes
se apresentam ligados à construção de um conhecimento, cuja formação
remota ao século XVI, quando surge o racionalismo como método que se desenvolve e se consolida mais tarde,
entre a segunda metade do século XVII e
a primeira metade do século XIX,
passando a dominar o pensamento ocidental. Integra a constituição de um
“saber moderno” que permeia a formação de princípios políticos, éticos e morais fundamentando os
colonialismos do final do oitocentos. Seus efeitos prolongam-se até os nossos
dias, deixando fortes marcas nas ciências humanas e, particular, na
antropologia e na historiografia sobre a
África.
As idéias desta
“produção dos tempos modernos” revestem-se de uma legitimidade científica que
deriva do par dividido sober-poder que se instala e se conserva fiel à regra de que,” não é
qualquer um que pode dizer a qualquer outro
coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância.” Em outras
palavras, a atividade do conhecer passa a ser reconhecida como um privilégio
dos que são considerados mais capaz,
mais bem-dotados, sendo-lhes, por isso, conferida a tarefa de formular uma nova
visão do mundo, capaz de compreender, explicar e universalizar o processo
histórico.
Significa dizer que o
saber ocidental constrói uma nova consciência planetária constituída por visões
de mundo, alto imagens e estereótipos que compõem um “olhar imperial” sobre o
universo. Assim, o conjunto de escrituras sobre a África, em particular entre as ultimas
décadas do século XIX e meados
do século XX, contem equívocos, pré-noções
e preconceitos desconhecimento sobre o referido continente. Os estudos
sobre
esse
mundo não ocidental, formam, antes de tudo, instrumentos de política nacional,
contribuindo de modo mais ou menos direto para um rede de interesses político,
econômico que ligavam as grandes
empresas comerciais, as missões, as áreas de relação exteriores e o mundo
acadêmico.
Por sua vez, em razão
de essa racionalidade ser predominantemente ideológica, as apresentações
norteiam o plano discursivo em detrimento da critica fundamental para a
construção do pensamento. Os africanos são identificados com designação
apresentadas como inerentes às
características baseadas em certa noção de raça negra. Assim sendo, o termo africano ganha um
significado preciso: negro, ao qual se atribui um amplo espectro de
significações negativas tais como
frouxo, fleumático, indolente e incapaz, todas elas convergindo para uma imagem de inferioridade
e primitivismo.
Ao lado deste, outro tema que merece ser
focalizado dis respeito à questão da História. Pela ocultação de complexidade e
da dinâmica cultural próprias da África,
torna-se possível o apagamento de suas especificidades em relação aos
continentes europeus e mesmo americano. Quanto às diferenças, são tratadas
segundo modelo de organização social e política, bem como de
padrões culturais, próprios da
civilização européia. Em outros termos: aproximadamente por analogia o desconhecido ao conhecido
considera-se que a África não tem povo, não tem nação e nem Estado; não tem
passado,logo não tem História.
O
problema posto nessa lógica interpretativa possibilita que o diverso, no caso a
África, seja enquadrada no grau inferior de uma evolutiva que classifica os povos em primitivos e
civilizados. Mais qual África?
Conforme o discurso
instituído, teria havido uma cisão em tempos remotos entre África branca com
características mais próximas das ocidentais, mediterrâneas e uma África negra
que se ignoravam mutuamente porque, separadas pelo deserto do Saara, ficavam
impedidos de qualquer comunicação.
Essas afirmações, de
inequívoca eficácia pratica nos planos
políticos e ideológicos,
integram, na segunda metade do século XVIII e na primeira metade do século XIX,
um discurso que opera com imagens e ganha um revestimento teórico com a
emergência dos sistemas classificatórios. A principio tratam do reino vegetal,
mas acabam por se entender ao humano.
A historiografia
sobre a África, ainda que em bom número, tem pouca contribuição de
historiadores africanos. Os poucos que trabalham nesse sentido foram formados
em universidades européias, tendo herdado uma tradição que os fazem ver a
história de seus países de fora para dentro. A cultura africana é sem dúvida
propagada muito mais oralmente. O principal meio de comunicação no continente
ainda é o rádio.
A história da África pode
ser dividida em três grandes fases:
1. Interesse
do oriente no comércio com os grandes reinos africanos.
2. A África volta-se para o ocidente a partir do século XV.
3. A descolonização africana. Fase em que o continente ainda se encontra. Uma coisa é certa, não se pode falar em cultura africana, mas em culturas múltiplas. Após as saídas das nações europeias e as proclamações de independência, não foram resolvidos os antigos conflitos. O pluralismo é muito grande, são muitas etnias em disputa no mesmo espaço político. Sem dúvida as dificuldades em se constituir estados nacionais são tremendas. Alguns países imediatamente após a independência envolveram-se em guerras civis. Já outros deixaram as pendências conflituosas para resolver posteriormente.
2. A África volta-se para o ocidente a partir do século XV.
3. A descolonização africana. Fase em que o continente ainda se encontra. Uma coisa é certa, não se pode falar em cultura africana, mas em culturas múltiplas. Após as saídas das nações europeias e as proclamações de independência, não foram resolvidos os antigos conflitos. O pluralismo é muito grande, são muitas etnias em disputa no mesmo espaço político. Sem dúvida as dificuldades em se constituir estados nacionais são tremendas. Alguns países imediatamente após a independência envolveram-se em guerras civis. Já outros deixaram as pendências conflituosas para resolver posteriormente.
Até o século VII os
reinos africanos não tiveram contato com outros povos. A partir desse momento,
entretanto, os árabes os alcançam, trazendo consigo o islamismo, e o comércio.
Três grandes reinos se desenvolveram na África: Ghana, Mali e Songhai. O último
assumiu o kalifado do Sudão. Após aderirem ao Islã – embora as religiões de adoração
aos elementos da natureza ainda persistissem (certo sincretismo é notável) – o
comércio com o oriente intensifica-se mais ainda, tendo a África vivido um
período de relativa prosperidade. Os principais itens comercializados eram o
marfim, a noz de cola e os escravos – provenientes dos africanos – os quais
eram trocados por tecidos, cobre e pérolas.
"A história é uma galeria de quadros onde
há poucos originais e muitas
cópias."
Tecqueville, charles
Bibliografias:
CHAUÍ,
Marilena. Cultura e democracia: São Paulo: Moderna 1982,p.7.
Hegel,
George W.F., op. CIT. PP. 193 E 194
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