- ALÁ- Designação de Deus, entre os mulçumanos.
- BANTO- 1- Indivíduo de um dos povos que falam qualquer das centenas de linguas bantas.
3- No Brasil, qualquer dos escravos chamados de de angolas, benguelas, cabinos, congos, moçambiques.
BANZO- Nostalgia mortal que atacava os negros trazidos escravizados da África.
BAOBÁ- Gigantesca árvore da família das bombacáceas, muito disseminada nas savanas africanas, de tronco excessivamente espesso, rico em reserva de água, é considerado o mais grosso tronco do mundo.
BATACATÔ- Tambô de guerra, afro-brasileira, grande, muito usado nos levantes de escravos na Bahia.
BENGUELA- Indivíduo dos benguelas, povo da região de Benguela ( Angola), que limava os dentes incisivos; banguela.
CABINA- 1- Indivíduo das cabindas, povo banto da região de Cabanda ( Angola)
2- Dança mímica popular afro-brasileira, parte de certos maracatus.
ILÊ- Casa de candoblé; terreiro.
IOURUBÁ- Indivíduo dos iourubás, povo negro do grupo sudanês da África Ocidental. que vive no O. S. da Nigéria, em Benim e em Tonga; nagô.
IJEXÁ- Indivíduo dos ijexás, povo de língua e cultura iourubanda, do Sudeste da Nigéria ( África)
JÊJE- 1- Indivíduos do jejes, ou guns, povo do Sudeste da República do Benim.
2- Nome que se dá no Brasil, esp. na Bahia, a indivíduos não iourubá, originário da antiga Costa dos Escravos, seja fom, maí, gum ou de outra nação.
MALÊ- Escravo africano islamizado.
MALUNGA- Cachaça.
NAGÔ - Indivíduo dos nagôs, povo de lingua iourubana que vive a E.S. da República do Benim.
OXALÁ- Alta divindade entre os orixás jeje-nagôs, abaixo apenas de olorum.
HERANÇA
O português falado no Brasil tem muitas palavras
de origem africana. Isso acontece porque - principalmente durante o
período colonial - os negros foram trazidos da África como escravos,
para trabalhar na lavoura. Os africanos trouxeram consigo sua religião -
o candomblé - e sua cultura, que inclui as comidas, a música, o modo de
ver a vida e muitos dos seus mitos e lendas. Trouxeram ainda - é claro -
as línguas e dialetos que falavam. Os povos bantos, que habitavam o
litoral da África, falavam diversas línguas (como o quicongo, o
quimbundo e o umbundo). Muitos vocábulos usados frequentemente vieram
desses idiomas. Exemplos? "Bagunça", "curinga", "moleque", "dengo",
"gangorra", "cachimbo", "fubá", "macaco", "quitanda"... Outras palavras
do português falado no Brasil também têm raízes africanas. Muitas delas
vêm de diferentes povos do continente, como os jejes e os nagôs (que
falavam línguas como o fon e o ioruba). Palavras como "acarajé", "gogó",
"jabá" e muitas outras passaram a fazer parte do vocabulário
brasileiro, foram incorporados à cultura. Em geral, trata-se de nomes
ligados à religião, à família, a brincadeiras, à música e à vida
cotidiana.
- Que tal um exemplo bem trivial? "Bunda". Essa palavra também é africana, pode ter certeza. Se não fosse por ela, se falaria "nádegas", que é efetivamente o termo português para essa parte do corpo humano. Da mesma maneira, em vez de "cochilar", diría-se "dormitar". Em vez de "caçula", se usaria uma palavra bem mais complicada: "benjamim". Empolado, não é? Dizem que a língua banta tem uma estrutura parecida com o português, devido ao uso de muitas vogais e sílabas nasais ou abertas. Deve ser verdade, observe o som das palavras "moleque" e "gangorra". Parece também que o jeito malemolente (isto é, devagar e cheio de ginga) de falar facilitou a integração entre o banto e o português. A verdade é que hoje o falante da língua portuguesa brasileira usa tantas palavras africanas que nem atenta em sua origem. Outros exemplos para ilustrar: O que seria do Brasil sem o "samba"? E tem mais: "cachaça", "dendê", "fuxico", "berimbau", "quitute", cuíca", "cangaço", "quiabo", "senzala", "corcunda", "batucada", "zabumba", "bafafá" e "axé". Para quem não sabe, "bafafá" significa confusão. E "axé" é uma saudação com votos de paz e felicidade. Hoje é muito comum o uso do prefixo "afro" (relativo à África), em palavras como afro-brasileiro, afro-descendente, afro-americano. Essas palavras, assim como o próprio prefixo, são adjetivos.
- O negro deu seu ritmo à música brasileira. Também lhe deu nomes, como chorinho ou samba. Por isso se diz que a música popular brasileira nasceu na África. A raiz negra está em tudo: no samba, no pagode, no afoxé, nas festas folclóricas como a do maracatu. Além dos ritmos, os africanos trouxeram também instrumentos, como o berimbau, a cuíca e outros instrumentos de percussão, como o atabaque o berimbau. O samba era chamado pelos angolanos de semba. Esse gênero musical foi se transformando, ganhou novos instrumentos, chegou ao Rio de Janeiro e atualmente é característico de todas as regiões brasileiras. Mistura de dança, luta e música, a capoeira também surgiu com os negros, que a utilizavam como arma de defesa. Durante a escravidão, reuniam-se em roda depois do trabalho para cantar, dançar, jogar capoeira ou reverenciar com música os seus orixás. Batiam palmas, batucavam, reviviam suas tradições. E assim a música negra se afirmava em meio a tanto sofrimento. Os escravos misturavam instrumentos musicais, dança e luta, enganando seus Senhores de Engenho, que pensavam estarem eles apenas "dançando".