quinta-feira, 4 de abril de 2013

 

 

Mestre sala dos mares 

 


Há muito tempo nas águas
Da guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo
Feiticeiro
A quem a história
Não esqueceu
Conhecido como
Navegante negro
Tinha a dignidade de um
Mestre-sala
E ao acenar pelo mar
Na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por
Batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam
Das costas
Dos santos entre cantos
E chibatas
Inundando o coração,
Do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro
Gritava então
Glória aos piratas, às
Mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça,
Às baleias
Glórias a todas as lutas
Inglórias
Que através da
Nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais.


João Bosco e Aldir Blanc

                Um justa homenagem a um  grande heroi: João Cândido, apelidade pelos jornalistas de " Almirante Negro", liderou a rebelião contra um dos símbolos da tirania, o castigo físico. De origem nordestina e analfabeto, foi responsável pelo fim da chibata na Marinha Brasileira.
           No governo do presidente Hermes da Fonseca, aconteceu a Revolta da Chibata (1910), os marinheiros revoltados com o castigo imposto a um marinheiro ( 250 chicotadas diante da tripulação e ao som de tambores), seus companheiros liderados por João Cândido, amotinaram-se e tomaram vários navios de guerra, ameaçando bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Exigiam o fim dos maus-tratos impostos pelos oficiais aos marujos, melhoria na alimentação e anistia aos rebeldes.
               Suas exigências foram atendidas; porém, duas semanas depois, um outro levante dos fuzileiros navais levou o governo a prender os envolvidos nas duas rebeliões. Muitos foram mortos nas prisões, outros em alto-mar e alguns deportados para o Acre.
               Em 1912, João Cândido o "Almirante Negro", foi absolvido em julgamento. Bastante afetado pelas torturas sofridas durante sua prisão, ele continuou sendo um mito e um nome perigoso para as autoridades governamentais, vindo a falecer em 1969.

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