quarta-feira, 21 de abril de 2010

CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA.

CULTURA AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA.


É oficialmente o único espaço de educação onde o conhecimento formal tem sido repassado. A diversidade historicamente tem sido representada como algo exótico, folclórico. A abordagem superficial e distante do cotidiano escolar reforça estereótipos, naturaliza os problemas raciais e sociais, justificando-os por meio de recursos da psicologia (por exemplo: índio é preguiçoso, negro é violento, etc). Isso tem mudado com ações educativas dos movimentos sociais e a reivindicação de uma nova postura da escola em relação aos grupos étnico-raciais que compõem o povo brasileiro.
Nesse sentido, a grande novidade é a inclusão da Cultura Afro no currículo e o tema transversal (que perpassa as matérias) chamado Pluralidade Cultural nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. Ele “apresenta uma noção afirmativa da diversidade cultural, como riqueza humana a ser explorada, fonte de conhecimento e denso material a ser usado nas escolas em praticamente todas as disciplinas.” (LIMA;2002)
Todas essas áreas de conhecimento trabalham a formação integral do ser humano, desenvolvendo a interação com o outro, com o mundo. Potencializam o lado cognitivo e o domínio afetivo pelo estímulo da capacidade de respostas diante dos desafios, sensibilização e a atenção.
O afro –descendente tem buscado, através de pressões políticas e culturais, a inserção de seus valores no currículo escolar, reconhecendo a Educação formal como campo de disputa. O movimento negro tem pressionado e realizado ações que culminaram neste momento com a Lei nº 10.639, que inclui a Cultura Afro nos currículos de ensinos fundamental e médio. Sancionada em 09 de Janeiro de 2003 pelo Presidente da República, torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Essa última parte estará presente em todo currículo.
Os conteúdos da História, da Literatura, da Arte e demais disciplinas acerca da cultura afro-descendente, como construtores da cultura brasileira, não podem ficar restritos a tema transversal-superficial, mas ampliar de forma a serem desenvolvidas para contribuir para o senso crítico dos alunos, professores e outros atores da educação.
Para isso é preciso implementar conteúdos e posturas filosóficas que contribuam para os professores melhorarem os seus propósitos com seus alunos, reformulando toda uma forma de pensar e ver a cultura afro-brasileira, assim como desenvolver uma pedagogia com referências às histórias das culturas afro-descendentes, desde o período pré-colonial até a contemporaneidade.
A intenção é fazer a cultura afro-brasileira sair da invisibilidade imposta pela colonização de uma cultura eurocêntrica, assim como colocar elementos da cultura afro-descendente e da formação do povo brasileiro nas disciplinas já existentes, e não inserir uma nova disciplina na grade curricular de ensino.
Entre muitos objetivos é importante colocar como prioritários os seguintes: construir e desenvolver uma pedagogia voltada para a ancestralidade (raízes culturais) afro-descendentes em seus fundamentos e influências no Brasil; contribuir para uma pedagogia plural nas escolas públicas privilegiando o patrimônio cultural da maioria da população; difundir os trabalhos sistemáticos dos alunos, buscando uma direção voltada para a auto-estima das crianças, jovens e adultos, da comunidade escolar e da comunidade de forma geral; fazer com que o professor, ou quaisquer outros atores da educação pense e trabalhe de maneira ampliada, de forma a perceber que a igualdade só é possível com o reconhecimento e respeito pelas diferenças; recuperar a memória histórica, revisando a importância dos negros na formação étnico-social do povo brasileiro, possibilitando a vivência de novos saberes e sentires.
Preservar a memória é uma das formas de construir a história. É pela disputa dessa memória, dessa história, que comemora-se no dia 20 de Novembro o Dia Nacional da Consciência Negra. Nessa data, em 1965, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade.

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